sábado, 14 de abril de 2012

Uma amiga


Saudade não tem explicação. Esse sentimento nos atinge quando o passado interfe no presente, nos fazendo pensar e sonhar com o futuro de uma maneira quase poética. A gente se pega lembrando de momentos felizes e momentos difíceis, rindo e chorando pela falta que tudo aquilo nos faz. Nós sentimos falta de sorrisos, de sentimentos, de fragrância, de palavras, de momentos –  mas hoje, particularmente, estou sentindo uma saudade imensa de uma companhia.
Vou confidenciar-lhes que ela apareceu na minha vida meio que instantaneamente. Digo isso porque não tenho a menor lembrança de quais foram as primeiras palavras que trocamos. Imagino que tenha sido um cumprimento cordial, talvez um adeus de despedida meramente por educação, um “bom dia” pouco caloroso ou algo nesse nível de formalidades. Mas acontece que por uma enorme bondade do destino, uma amizade inacreditável aconteceu a partir daí.
Amizade. O significado desse sentimento jamais caberá em palavras já inventadas pela espécie humana. Porque esse tipo específico do amor transcede todos os regulamentos e explicações plausíveis. Pra ser sincera, são poucas a pessoas que despertam em mim esse desejo de mantê-las por perto, de cuidar, de abraçar inesperadamente. São mais poucas ainda, as pessoas que me fazem querer fazê-las felizes, dividir momentos, experiências, pedir conselhos e oferecer consolo.
Mas houve uma vez em que uma garota apareceu e me entregou toda a sua amizade sem pedir nem mesmo um “obrigada” em troca. Era incrível o fato de que ela fazia questão de gostar até mesmo dos meus defeitos, rir do meu mal humor, divertir-se com as minhas ironias, compartilhar das minhas preferências, encorajar os meus sonhos e acreditar nas minhas capacidades. Nós nos tornamos tão próximas que a nossa última despedida ainda dói. Vê-la sorrido e acenando enquanto se distanciava, quando eu sei que queria chorar – e talvez tenha feito isso depois que eu já não podia mais olhar para ela –, me fez pensar em todas as coisas que passamos, em todos os momentos que dividimos, em todas as coisas que enfrentamos juntas. E, principalmente, em todas as palavras que dissemos e as que eu talvez nunca tenha dito, mesmo porque não eram necessárias. Eu quis ter dito mais um “Eu te amo”, para que ela não se esquecesse dessa verdade. Quis encorajá-la mais uma vez, entregar-lhe o meu apoio, para que jamais deixasse de acreditar na minha fidelidade. Quis me desculpar por algo que tenha feito sem querer. E, mais do que qualquer coisa, eu quis abraçá-la uma vez mais.
Ela pode estar distante, mas a nossa amizade jamais será diferente. Porque um dia eu conheci uma moça de olhos inteligentes que me fez ser mais feliz. 


(Dedicado à uma amiga que faz falta: Letícia S.)

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