terça-feira, 30 de abril de 2013

Suavidade


Ando tão à flor da pele, que um simples toque faz-me estremecer o corpo inteiro. Não me detenho. É um delírio bem vindo, que me sobe pela espinha e dissipa-se num arrepio ofegante. Sinto-me afogada numa enorme onda de prazeres, engolindo as palavras que não tive tempo para dizer. E concluo intimamente que toda dúvida é uma vontade camuflada.
Dentro de mim fiz um mundo, e eu não sou capaz calá-lo. Várias vozes ecoam dentro da minha cabeça. Sabem que estou aqui a ouvi-las, pois subitamente adquirem tons mais sussurrantes. São as vozes da minha centena de pensamentos, denunciando meu desejo desnudo e a vontade que não sou capaz de esconder. E tudo o que eu sei é que quero transbordar. Pois só assim poderei espalhar-me pelos quatro cantos do mundo, e talvez encontrar um lugar que me caiba. 

quinta-feira, 18 de abril de 2013


Existem mais de cento e cinquenta países no mundo que eu ainda não visitei. Mais de sete bilhões de pessoas que eu jamais conheci. Centenas de idiomas que eu não aprendi; de dias que eu não vivi; de sentimentos que eu não senti;  de livros que eu não li; de músicas e de histórias que eu não ouvi...
E, ainda assim, insisto em ficar parada em uma espantosa inércia, contemplando a insignificância de tomar decisões a respeito do meu futuro, enquanto ainda não sei nem sequer quem eu sou.
Mesmo se eu jamais encontrar, será que a caminhada ao menos se mostrará suficiente para que eu descubra o que tenho procurado durante todo esse tempo?