Ausente de rumo, sinto contorcer-me o estômago de uma
maneira esquisita; como se eu fosse uma estrangeira dentro de minhas próprias
entranhas. Nos momentos mais inoportunos possíveis, sinto florescer em mim um
jardim de inquietudes. Às vezes espectros de minhas idealizações; às vezes
gritos espantados do futuro; às vezes barulho do presente, com um leve toque de
déjà vu.
Sufocada pela minha coleção de sentimentos
esmagadoramente espaçosos, barulhentos e imundos; acabo dominada pelas mãos do
acaso, que rege as minhas decisões a uma frequência que me leva a acreditar que
já não eu, mas ele, está no comando das minhas desnecessárias preferências.
Me peguei sendo forçada a carregar meu orgulho chamuscado
para longe; e aderir ao conceito de “antes tarde do que nunca”, a mesma
filosofia da qual tive a arrogância de dizer que nunca faria uso – cabe aqui
qualquer palavra que você, caro leitor, queira adicionar como insulto. Declaro
para todos os fins que aceitarei a ofensa como alguém que a merece.
Exatamente igual à história de João e Maria, as migalhas
pelo caminho foram alimento para os pássaros: e eu me perdi numa profunda
desorientação, carregando a culpa por todas as minhas esquisitices causadoras
de desordem. Dos arrependimentos que tenho, o maior deles é não ter me
arrependido. De nada.
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