quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Apenas



Madrugadas conseguem ser vazias. Tão vazias que chegam a ser cruéis.
E então acabo por preenchê-la com músicas e pensamentos. Mas pensamentos vazios também; desses tão bizarros que a gente se esquece depois de meio minuto. Esses sentimentos que vem e vão, sem que eu possa sequer notá-los. Como chuvas de outubro; ventos de julho ou aquele sol debochado de fim de ano.
Você me fala de promessas. Venho falar de realidades. A minha; a sua; e a nossa.
Você pertencerá um dia a alguém cujo nome desconheço. E eu seguirei o meu caminho, como se nada tivesse acontecido. Foi o combinado desde o início que tudo isso que estamos vivendo jamais passaria de uma brincadeira. Todavia, peço que por enquanto seja meu – não totalmente, apenas mais que costuma ser. Pode ser de quem mais quiser, de quantos mais quiser: mas ouça-me quando eu chamar.
Quando o dia amanhece, ainda estou pensando se o que faço é te usar. Mas percebo que não, porque no fim das contas, estamos usando um ao outro para cicatrizar feridas recentes. Não ambicione nada além disso. Se quer um conselho: não confie em mim.

Where I was, I had wings that couldn't fly
Where I was, I had tears I couldn't cry
My emotions, frozen in an icy lake
I couldn't feel them until the ice began to break*

Não devo negar, porém, que por causa de você estou aqui agora – distante de tudo o que me fez mal.
E viva novamente.

*Tears of the Dragon - Bruce Dickinson

4 comentários:

  1. É...muito complicadas estas situações da vida...ficam feridas e delas cicatrizes para nos lembrar!

    []s

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    1. Olá, Rafael!
      Acho que escrever o que a gente está sentindo é uma maneira de "esvaziar" um pouco, não é?!
      Obrigada pelo comentário...

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  2. Lindo, adorei teu texto, você escreve muito bem.

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    1. Obrigada, Lorena!
      Que bom tê-la por aqui... volte sempre, ok? ;)

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