quinta-feira, 28 de junho de 2012

Genialidade extinta


Jeremy era um anarquista de sofá. Não tinha uma aparência excêntrica, não pichava muros, não pregava a desordem e nem lia Kropotkin. No auge de seus vinte e três anos, morava sozinho em um apartamento desorganizado cujo aluguel vivia atrasado. Tinha um carro de segunda mão e trabalhava em um emprego que, no fim do mês, lhe rendia uma quantia miserável que mal dava para pagar as contas e a mensalidade da faculdade. Mas, ainda assim, havia muito sangue revolucionário correndo por suas veias quase diabéticas.
Jeremy tinha ideias. Sonhos. Ambições.
Só que em meio à tamanha correria diária, tanto bombardeio de informação, tanto consumismo desnecessário e tanto barulho de gente existindo e esquecendo-se de viver; Jeremy desistiu de tentar. E aquele rapaz que nascera para mudar o mundo, não conseguia nem sequer mudar de vida.
Nascem gênios todos os dias.
E todos os dias, gênios são mortos.

2 comentários:

  1. Sonhos por que não se luta são como sementes sem chão nem chuva.
    GK

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    Respostas
    1. Belíssimo pensamento!
      Citando Chaplin, eu diria que "Nunca se afaste de seus sonhos. Pois se eles se forem, você continuara vivendo - mas terá deixado de existir."

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