Is this just fantasy?
Caught in a landslide
No escape from reality
(...)
Nothing really
matters
Anyone can see
Nothing really
matters
Nothing really
matters to me
(Bohemian Rhapsody - Queen)
Não que eu odiasse o dia, mas preferia a noite. E sair à
noite para um passeio sem destino sempre foi mais que um hobby, talvez uma
paixão inexplicável. Eu só colocava meus fones de ouvido, com uma música
dramática ou com guitarra pesada, e saía. Pra ouvir o som; ver o mundo; sentir
o que quisesse.
Resolvi pegar um ônibus. Não sei o que houve comigo, foi
só uma vontade enorme e incontrolável de relembrar os tempos do colégio. Então fui
à estação e, ao som de Freddie Mercury esbanjando sabedoria em “Bohemian Rhapsody”, peguei o primeiro ônibus que me pareceu interessante. Sem nem
sequer me dar ao trabalho de ler o letreiro e descobrir para onde estava indo,
entrei e sentei-me bem no fundo: onde poderia ver as coisas acontecendo.
Lá fora começava a
chover; e o vidro, embaçado, dava um aspecto engraçado às coisas. Os postes de
iluminação mais próximos pareciam grandes borrões de luz; enquanto os distantes
se assemelhavam a pequenas estrelas. Uma mãe andava apressada, segurando a
filha pela mão. Um velho senhor caminhava com as mãos no bolso. Um jovem
escondia o rosto com o capuz da blusa de frio, tentando se proteger da chuva
que começava a cair mais forte.
Dentro do ônibus, era silêncio. As pessoas simplesmente
desciam, enquanto outras embarcavam. Todas com a mesma expressão de frustração,
todas exibindo a velha carranca de dias chuvosos. E eu me peguei a pensar que
talvez, dias chuvosos sejam aqueles em que as pessoas escolhem – por
unanimidade e por não haver perigo de contrastarem com a paisagem – para
mostrar o que verdadeiramente são.
Meramente existindo, sem viver como se deve, algumas
pessoas acabam esquecendo que ser feliz não é obrigação nem necessidade. Mas um
presente.
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