No banco de trás do táxi a caminho da estação de trem, o que os
separava era mais que a quase inexistente distância física. Olhando pela
janela, Ernesto tentava imaginar o que diabos Lúcia pensava naquele momento. Enquanto
ela, encarando o lado de fora – pela janela oposta –, não pensava em nada:
apenas aproveitava masoquistamente os seus últimos minutos daquela angústia. O motorista,
do banco da frente, espiava-os pelo retrovisor de vez em quando, procurando
maneiras de iniciar uma conversa – ainda que nas últimas duas tentativas, as respostas
que obtivera foram meros “hum” em diferentes entonações.
Os gritos daquela discussão da noite passada ainda ecoavam na cabeça de Ernesto. E ele se sentia tão impossibilitado de agir, que até o ar dentro do táxi parecia mais pesado. Como se, de alguma forma, aproximar-se dela fosse algo impossível – ou que, no mínimo, exigisse um extremo esforço.
E Lúcia, cujos pensamentos giravam em redemoinhos confusos, ainda não tinha certeza de quem dentro daquele carro merecia mais raiva: Ernesto, o motorista tagarela, ou ela mesma.
Na estação de trem, a despedida foi breve. Ele quis beijá-la calorosamente, mas faltou coragem. E ela quis abraçá-lo e pedir desculpas, mas o orgulho falou mais alto. Ernesto covarde, Lúcia orgulhosa: que ironia essa troca de papéis! Mas é que às vezes, ainda que sem querer, somos parecidos com aquelas coisas que desprezamos nas outras pessoas.
E Lúcia, cujos pensamentos giravam em redemoinhos confusos, ainda não tinha certeza de quem dentro daquele carro merecia mais raiva: Ernesto, o motorista tagarela, ou ela mesma.
Na estação de trem, a despedida foi breve. Ele quis beijá-la calorosamente, mas faltou coragem. E ela quis abraçá-lo e pedir desculpas, mas o orgulho falou mais alto. Ernesto covarde, Lúcia orgulhosa: que ironia essa troca de papéis! Mas é que às vezes, ainda que sem querer, somos parecidos com aquelas coisas que desprezamos nas outras pessoas.
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