segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Auto-retrato


Observando atentamente o meu extremo mau gosto para escolher o que vestir na manhã de hoje, eu me mirava no espelho sem a menor vontade de sair de casa. Mas o dia estava a minha espera. De um jeito que não fazia há tempos.
Todas aquelas coisas que eu adiei soaram estridentemente em meus ouvidos, junto ao despertador. Levantei-me e tentei tomar o indigesto café da manhã; temperado de realidade.
Café com rotina. Pão com tédio.
Naquele instante eu só esperava que dessa vez, minha paciência se esgotasse um pouco mais tarde. E quando o meu ato-retrato ficar demasiadamente obsoleto, eu saberei criar um novo. Mas o espelho, esse não não mente. E depôs contra mim; gritando ao mundo que meu sorriso era de mentira.
Depois do banho gelado para espantar o calor, tudo o que eu tinha a fazer era esconder a frieza que envolvia minha alma.
Tranquei a porta. Saí para a rua.
Mundo, aí vou eu.

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