terça-feira, 4 de dezembro de 2012

2/4


Nunca me contentei com metades. De tentar esconder do mundo que meu orgulho é meramente um amontoado de inseguranças camufladas, acabei por me permitir não ser eu mesma. A única resignação que acabo possuindo, no fim da minha peça teatral maltrapilhamente encenada, é a ideia incessante de que metade de mim está errada. E só dois quartos de sanidade não me é suficiente.
Tentei trancar os eufemismos na gaveta; mas o franco marasmo que o cotidiano se tornou obrigou-me a sair em busca da chave que os livraria de seus cárceres.
No fim do dia, sinto como se exércitos avançassem dentro de mim. Luto contra mim mesma numa guerra que espalha as vísceras do que eu fui pelo campo de batalha; e estas se juntam de novo e de novo, cada vez de uma maneira diferente. E eu, seguindo suas dialéticas confusas, sigo também mudando. E a natureza inefável do meu excesso de egoísmo se prova a cada dia mais forte. Um dia implorei pra não ficar sozinha. Agora – que irônico! , sinto falta da solidão.



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