Nunca me contentei com
metades. De tentar esconder do mundo que meu orgulho é meramente um amontoado
de inseguranças camufladas, acabei por me permitir não ser eu mesma. A única
resignação que acabo possuindo, no fim da minha peça teatral maltrapilhamente
encenada, é a ideia incessante de que metade de mim está errada. E só dois
quartos de sanidade não me é suficiente.
Tentei trancar os
eufemismos na gaveta; mas o franco marasmo que o cotidiano se tornou obrigou-me
a sair em busca da chave que os livraria de seus cárceres.
No fim do dia, sinto como se exércitos avançassem dentro
de mim. Luto contra mim mesma numa guerra que espalha as vísceras do que eu fui
pelo campo de batalha; e estas se juntam de novo e de novo, cada vez de uma
maneira diferente. E eu, seguindo suas dialéticas confusas, sigo também
mudando. E a natureza inefável do meu excesso de egoísmo se prova a cada dia
mais forte. Um dia implorei pra não ficar sozinha. Agora – que irônico! –, sinto falta da solidão.
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