segunda-feira, 30 de julho de 2012

Fora de alcance


Alma em desapego é uma das coisas mais belas e mais trágicas que pode existir. Quando não há você e o espaço é só meu, é bonito. Trágico é que tenha eu demais. Sobra. Desperdiça-se  desperdiço-me.
Parei para observar a distancia que nos separa, de um lugar que me pareceu a beira do abismo. Então encarei o breu lá embaixo e dei três passos para trás, só pra garantir que não me atiraria outra vez nesse precipício a que você me leva. Dei as costas para tudo isso e caminhei ziguezagueando por minhas entranhas retorcidas de rancores. E percebi que estava fazendo um esforço enorme para me importar; sem ter sucesso.
Hoje olhei-me no espelho e senti-me tão completa, mas ao mesmo tempo tão cansada. E o bizarro é que eu estava completa justamente pelo cansaço. Acho que completei-me por meio dessa exaustão, por perder tempo a procurar o que não encontro em mim. Porque foi na procura onde descobri: não me faltava nada. Nem ninguém.
Quando penso no futuro, me pego idealizando algumas coisas. E essas coisas não são o que me faltam.
São o que me sobram.

5 comentários:

  1. Ui, senti uma enorme profundidade nessas palavras. Vejo que você só se sentiu completa depois que conseguiu lidar com sigo mesma. Isso é consequência de tanto tentar mudar algumas coisas, muitos passam por isso. Muitos aprendem com os sentimentos que lhe são estranhos, quando exigimos tê-los dentro de nós. Passei por mim durante muito tempo. Só de forma contrária a descrita. E advinha? Cheguei a mesma conclusão que você. " ...essas coisas não são o que me faltam. São o que me sobram.". Não sei se minha interpretação bate com o que você quis dizer, mas esse texto me atingiu dessa maneira.

    Parabéns Larissa.
    Saudade de você engenheira. <3

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    1. Paulo, meu querido!

      Você não faz ideia do quanto eu fico feliz com isso, sabe. Quando alguém vem e me diz o que pensou, o que sentiu e o que entendeu de um texto meu. Cada um tem uma interpretação muito particular e muito diferente, de acordo com o que está sentindo no momento, com o que já passou e com o que já viu da vida... E você soube muito bem como fazer isso de entender à sua maneira o sentido das minhas palavras. Não sei se você já leu, mas o texto "Monstros" (que inclusive está ali do lado no ranking dos Mais Lidos e é um dos meus favoritos) fala exatamente disso que você lindamente citou: "Muitos aprendem com os sentimentos que lhe são estranhos, quando exigimos tê-los dentro de nós."
      Você diz não saber se é o que eu quis dizer, e eu te digo: não é o que eu quero dizer, mas o que cada um entende! ;)

      Também estou com saudades, amigo.

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  2. Vamos ver se dessa vez o comentário dá certo, né?!
    Sabe, quando eu leio alguns textos seus aqui no Infinita Calmaria eu me identifico tanto com você, sério. Adoro quando você consegue descrever o que tá sentindo em textos pequenos, acho tão direto. É porque meus textos de gaveta também são assim, sou muito suspeito pra falar (rs). Te venero mais ainda depois que li o "Adeus", ficou per-fei-to!
    "E o bizarro é que eu estava completa justamente pelo cansaço. Acho que completei-me por meio dessa exaustão, por perder tempo a procurar o que não encontro em mim. Porque foi na procura onde descobri: não me faltava nada. Nem ninguém". Você escreveu por mim? Amei esse trecho! E parabéns pelo seu blog.
    Filipe.

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    1. Lipe,

      Devo dizer que antes mesmo de ler a assinatura, já sabia que esse comentário seria seu (risos). Ninguém mais no mundo diz coisas do tipo "...me identifico tanto com você, sério" ou "...em textos pequenos, acho tão direto". Acho que cheguei até a imaginar a sua voz dizendo isso, com suas vírgulas verbais - se é que isso existe. Um dia desses explico melhor.
      "Adeus" foi um dos meus melhores textos. O curioso é que ele nasceu muito depressa e sem sequer uma correção, devo ter gasto menos de quinze minutos para escrevê-lo. A verdade é que eu tenho muita curiosidade para ler os SEUS textos! Acho justo que um dia desses você os compartilhe comigo!
      Fico muuuuuuuuito feliz por saber que você gosta do blog, amigo! Obrigada pelo apoio, e espero ver mais comentários seus por aqui! Saudades :D

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    2. Hmmmm então você já sabia que era eu? Desculpa aí se sou facilmente reconhecido! Pois então, tenho uns textos de gaveta mesmo, mas a maioria eu perdi porque eu não sou de digitá-los. Só alguns. Eu tava pensando em juntar alguns manuscritos antigos e dar umas adaptadas, você vai ser a primeira pessoa que vai ler, então. Muitas saudades de você, viu? (:

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