Então eu sou o infinito; mas um infinito ofendido. Um infinito
que tem uma dor latejante lá no fundo, somente esperando meu chamado para poder
vir doer abertamente. Meus esforços ineficazes de aprisioná-la gritam em uma agonia cansada. E lançando um olhar sóbrio sob minha embriaguez de todas essas inseguranças doídas, insisto
em narrar o que narro porque calar não me basta.
Descobri que a dor dói sem piedade, mas não ouso admitir que me vejo em uma constante procura do lado certo das minhas ambiguidades. Talvez porque sinto como se todas as coisas estivessem sendo vistas de um espelho: constantemente invertidas. E, com facilidade, o tempo se dispersa antes que eu possa tocar suas amarras. Sem
poder desatar os nós, me afundo em analgésicos que não farão efeito, porque não
é só o corpo que dói. Me dói o certo e o avesso. Me doem os olhos e as mãos. Me dói o sim e o não. Me dói a consciência. As
costas. As pernas. Os joelhos. As canções. As ambições. Doem-me as dores.
Tateando no escuro com tudo o que me sobra; percebo que o
que falta, falta em demasia. Mas a dor de fracassar dói tanto, que prefiro aguentar todas as outras pra não ter de provar dela.
Êh, moça....vc está escrevendo incrivelmente...parabéns!
ResponderExcluirbeijos
E você sempre gentil, não é?!
ExcluirMuito obrigada pelo elogio, querido!
Beijos :)