segunda-feira, 30 de abril de 2012

Incontrolável



Esses conjunto dos teus olhos feiticeiros, sorriso de faz de conta, cheiro de malandragem e toque inocente hipnotiza-me com uma sutileza incomum. Você chega brisa, vira vento forte, logo mais é furacão. E quando dou por mim, já venceu por desistência – não tenho perspectivas de resistir. Francamente: te odeio com todo meu amor.
Sempre acreditei na teoria de que quanto mais imprevisível, mais interessante. Pra ser sincera, isso me fascina: o tempo passando veloz e eu ainda não aprendi a prever o próximo passo teu. Minhas interpretações sempre acabam precisando de frequentes correções. Sem perceber, parei de criar expectativas, porque você tem uma mania excêntrica de superá-las.
Depois de todos os seus defeitos, os seus detalhes, os seus jeitos e os seus exageros: eu continuo me apaixonando por você. Perdi totalmente o controle, foi isso. E no fim das contas, admito: eu gosto desse gosto que você tem por me manter intrigada...

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Olhe nos meus olhos


Olhe para mim e diga o que vê. Olhe nos meus olhos e enxergue minha alma. E depois, se puder, por favor, diga-me o que você vê. Sonhos impossíveis? Medos contidos? Verdades escondidas? Eu peço que me diga com franqueza.
Com o perdão da palavra, sinceramente não sei mais viver dentro de todo esse mistério. Estou exausta e ainda não é nem o começo. Estou desanimada e nem descobri os motivos de tudo isso. É que há tantas coisas ocorrendo ao mesmo tempo que estou cançada e coberta de incertezas... De vez em quando a vida da gente fica morna – e não sabemos quando aconteceu ou quando voltará ao normal. Mas isso nos atinge, paralisa, entorpece.
Afinal, o que estou esperando? Será que eu continuo involuntariamente acreditando que o que eu espero da vida algum dia vai cair do céu pra mim? As coisas não são fáceis. A hora de acordar já passou e eu continuo aqui, relutante em perceber que muitas coisas não passaram de sonhos. Com uma frequência absurda, o medo nos impede de tentar; o conformismo nos impede de mudar; e o fracasso nos rouba nossas forças.
Eu me sinto tão pequena, tão sozinha, tão substituível... Muita coisa para de fazer sentido quando observadas de outro ângulo, mas essa nova perspectiva nem sempre é fácil de ser encontrada.

domingo, 15 de abril de 2012

Justificativas


Muita coisa parecia mais fácil algum tempo atrás. Mudar o mundo, escrecer um “feliz para sempre”, sonhar tão alto a ponto de ser absurdo... Pra ser bem sincera, não sinto saudade. Quando penso que poderia ter sido diferente, rapidamente percebo que não. E percebo que fui inocente ao pensar que sentimentos não são coisas fáceis de serem controladas. Eles simplesmente vem e vão: não batem na porta, não pedem licença. Primeiro alegram, depois confortam. E, em alguns casos, às vezes machucam.
Não é arrogância, é timidez. A pior parte de fugir de si mesmo é que mais cedo ou mais tarde, a gente acaba se encontrando. E quando isso acontece, percebemos que aquilo do que nos escondemos o tempo todo, também fugia de nós.
Passei a noite em claro. Estive deitada sob os cobertores por um longo tempo sem conseguir dormir. Acho que estava esperando um sonho bom entrar por minha janela. Eu gostaria de saber o que poderia acontecer se eu deixasse algumas de minhas bobagens para trás. Ainda não fui capaz de me livrar delas.
Amadurecer deveria significar que apredemos com os nossos erros, mas a verdade é que só aprendemos a justificá-los.

As palavras em mim

Sinais. Alguns enxergam, outros não. Apear de visíveis para o olhar de quem sabe ver, cada um os percebe de forma diferente. A maioria das pessoas consegue ser individualmente atenta e sensível às indicações dos próprios sentimentos. Ninguém quer ver o que não deseja. Mas vamos deixar uma coisa clara: eu quero ver. Eu sempre estou pronta, à procura de descobrir qual é o sentido de tudo isso. Desconfio, investigo, encontro.
Continuo sendo muito observadora e minimalista, isso funciona. Tomo notas mentais de tudo, tenho opinião formada sobre tudo e todos, sinto, vejo, experimento. Foi assim que aprendi a interpretar as pessoas, de forma a quase prever suas ações futuras. Um prenúncio, um presságio, uma intuição – parece tolo colocando nesses termos, mas às vezes acontece comigo. É apenas uma ilusão do saber, eu concordo. Mas  essa fantasia define parte de quem eu sou.
Todos os dias sinto a necessidade de esvaziar as palavras que transbordam dentro de mim. Mas sei que preciso ser grata por ter esse privilégio que é saber explicar. Sei lá de onde minhas palavras vêm, simplesmente aparecem quando acham conveniente. Acho que essa é a beleza da coisa. Pena que muitas pessoas ainda não entenderam que tudo está dentro da gente.

sábado, 14 de abril de 2012

Uma amiga


Saudade não tem explicação. Esse sentimento nos atinge quando o passado interfe no presente, nos fazendo pensar e sonhar com o futuro de uma maneira quase poética. A gente se pega lembrando de momentos felizes e momentos difíceis, rindo e chorando pela falta que tudo aquilo nos faz. Nós sentimos falta de sorrisos, de sentimentos, de fragrância, de palavras, de momentos –  mas hoje, particularmente, estou sentindo uma saudade imensa de uma companhia.
Vou confidenciar-lhes que ela apareceu na minha vida meio que instantaneamente. Digo isso porque não tenho a menor lembrança de quais foram as primeiras palavras que trocamos. Imagino que tenha sido um cumprimento cordial, talvez um adeus de despedida meramente por educação, um “bom dia” pouco caloroso ou algo nesse nível de formalidades. Mas acontece que por uma enorme bondade do destino, uma amizade inacreditável aconteceu a partir daí.
Amizade. O significado desse sentimento jamais caberá em palavras já inventadas pela espécie humana. Porque esse tipo específico do amor transcede todos os regulamentos e explicações plausíveis. Pra ser sincera, são poucas a pessoas que despertam em mim esse desejo de mantê-las por perto, de cuidar, de abraçar inesperadamente. São mais poucas ainda, as pessoas que me fazem querer fazê-las felizes, dividir momentos, experiências, pedir conselhos e oferecer consolo.
Mas houve uma vez em que uma garota apareceu e me entregou toda a sua amizade sem pedir nem mesmo um “obrigada” em troca. Era incrível o fato de que ela fazia questão de gostar até mesmo dos meus defeitos, rir do meu mal humor, divertir-se com as minhas ironias, compartilhar das minhas preferências, encorajar os meus sonhos e acreditar nas minhas capacidades. Nós nos tornamos tão próximas que a nossa última despedida ainda dói. Vê-la sorrido e acenando enquanto se distanciava, quando eu sei que queria chorar – e talvez tenha feito isso depois que eu já não podia mais olhar para ela –, me fez pensar em todas as coisas que passamos, em todos os momentos que dividimos, em todas as coisas que enfrentamos juntas. E, principalmente, em todas as palavras que dissemos e as que eu talvez nunca tenha dito, mesmo porque não eram necessárias. Eu quis ter dito mais um “Eu te amo”, para que ela não se esquecesse dessa verdade. Quis encorajá-la mais uma vez, entregar-lhe o meu apoio, para que jamais deixasse de acreditar na minha fidelidade. Quis me desculpar por algo que tenha feito sem querer. E, mais do que qualquer coisa, eu quis abraçá-la uma vez mais.
Ela pode estar distante, mas a nossa amizade jamais será diferente. Porque um dia eu conheci uma moça de olhos inteligentes que me fez ser mais feliz. 


(Dedicado à uma amiga que faz falta: Letícia S.)

Despedida

Estou agora escrevendo a nossa carta de despedida. Não, não vamos embora. Só vamos ser diferentes. Nós vamos nos tornar outras pessoas, deixar de ser o que todos esperam que sejamos. Máscaras, nunca mais – elas grudam à face. Simpatia, só com quem merece. Planos, apenas para um futuro que seja admissível. Acho que é melhor deixar subentendido que algumas promessas já não existem mais.
Num dia temos o infinito. E no outro ele acaba. Nós crescemos, amadurecemos – e nem nos damos conta da mudança. A realidade às vezes é demasiadamente difícil de ser encarada, interfere nos sonhos da gente. Faz com que o conformismo nos impeça de pensar diferente, de trasformar o mundo, de escrever um felizes para sempre. Mas tem tanta coisa terminando antes do fim...
A vida é basicamente assim: num dia a gente vê a claridade ao longe, no outro estamos debaixo dos holofotes. Tem sempre alguém para dizer o que queremos ouvir. Mas chega uma hora que descobrimos que certas palavras se perdem em seu próprio vazio - isso é o tipo de coisa que se aprende depois de passar tanto tempo dando ouvidos a promessas irrisórias.
Muitas pessoas procuram realizações em coisas que não valem a pena. E outras tantas desistiram de procurar. Eu, particularmente, quero felicidade – só isso. Quero dividir sorrisos e mutiplicar abraços. Quero acordar de manhã e sentir cheiro de vitória. Eu quero me despedir de mim, pra dar início a um novo eu.

Gosto de pessoas

Gosto de pessoas com um jeito de encarar a vida que não possa ser explicado facilmente. Gosto de pessoas que  tem fantasias, que tem objetivos e que não tem medo de ter sonhos imbecis de vez em quando. Gosto de pessoas que não gostam do que é comum. Gosto de pessoas que não sorriem por mera conveniência. Gosto de pessoas que não se deixam levar pelo que outras pessoas dizem, fazem ou pensam. Gosto de pessoas autênticas. Gosto de pessoas que sabem ser felizes sem fazer barulho, mas que também sabem alardear  de vez em quando. Gosto de pessoas que não temem crítica. Gosto de pessoas que tem o que dizer, mas que também sabem ficar caladas. Gosto de pessoas que pensam por si próprias e têm opiniões formadas. Gosto de pessoas que gostam de pessoas. Gosto de pessoas que têm bom gosto e têm respeito. Gosto de pessoas que falam o que vem na cabeça. Gosto de pessoas que demonstram o que sentem. Gosto de pessoas que gostam de abraçar. Gosto de pessoas que gostam de gostar. Gosto de pessoas. 

Aquela Guerra

Entristeça-se
mas não dê importância
Coisas poucas mudam tudo;
mas acorde de outro jeito
Sinta medo e não ame
Acredite e inflame
Sonhe

Refaça o que não fez
mas o tem em teoria.
Idealize o que não pode;
impossibilite o coração
Se preciso abra mão
de algo que aconteceu
Seja templo de você
Divinize seu saber
Pare. Pense. Raciocine.
Racionalize

Aprenda; e esconda se puder
Mas não fale, só se cala
e ouça até respiração
Inspire-se, mas não conte
Diminua seus conceitos
É o justo que funciona,
porém, acaba de todo jeito
Refaça


quinta-feira, 12 de abril de 2012

Seus defeitos

Seu cheiro é de roupa limpa e mente suja. Mas eu passo quieta por você, você passa quieto por mim, e eu ainda assim escuto o barulho que a gente faz: barulho de corações batendo juntos em uma frequência anormal, e pensamentos trabalhando depressa pra encontrar um atalho para a nossa aproximação.
Como é que você pode ser tão errado e cheio de defeitos? Não é possível que você consiga ser tão censurável naturalmente. Estou dizendo isso porque hoje eu me peguei olhando pra essas coisas todas e te amando tanto, tanto, tanto... Como se nada mais no mundo fosse tão bonito, correto ou perfeito; porque perfeito é o que não tem mesmo nenhum cabimento. Você é autêntico e apaixonável, meu amor. E eu ainda sinto, mesmo depois de tanto tempo, uma paz serena e inexplicável ao observar-te.
De tanto te cuidar, acabei te descobrindo meio que sem querer. Simplesmente aprendendo coisas sobre você sem ter me esforçado para isso. E chegou um momento em que me vi te deixando livre para voar, e me amar simplesmente porque me ama – sem nenhum motivo maior explícito.  E eu concluí que somos apenas duas almas unidas, escandalosamente felizes por enfim termos nos encontrado.

Desabafo, algumas palavras desconexas e um bando de bobagens


O meu sentimento não teme a nada: vai em frente. Mesmo que a insegurança atravesse o caminho. Mesmo que algum problema acene ao longe e eu, por pura idiotice, acene de volta, preocupando-me com um futuro que ainda nem chegou – e talvez nem chegue realmente. Mesmo que os caminhos que já percorri  às vezes pareçam insuficientes e às vezes exacerbados. Mesmo que eu sinta vontade de parar, sentar e continuar imóvel até que tenha vontade de voltar à caminhada. Mesmo que eu não saiba como agir, como proceder, como elucidar.
Às vezes quero tanto, que acabo não tendo. Às vezes sonho tanto, que acabo não realizando. E, o que é pior, às vezes escondo tanto, que acabo deixando exposto.
Eu posso dizer centenas de palavras e ainda assim não serei capaz de expressar-me. Odeio pensar quando sei que chegarei a uma conclusão egoísta. Não que eu não saiba o que eu estou sentindo, só não encontrei a maneira correta de explicar sem parecer estupidamente infantil. Talvez essa parte da minha personalidade que é completamente contrária à qualquer tipo de exteriorização de sentimentos seja apenas o meu subconsciente tentando blindar-me contra julgamentos proconceituosos. Não que eu não esteja feliz, é que nem sempre tenho paciência de explicar as razões de certos desânimos que me assolam dias sim, dias não. Às vezes simplesmente parece que perdi o controle da minha própria vida.
Tanta gente me dando conselhos, como se eu de fato me importasse. Poupem-me de suas palavras vazias. O que aconteceu foi que algumas amarras foram cortadas muito abruptamente, como que por uma navalha afiada, e isso me deixou assustada. O peso está sobre os meus ombros agora. Temo que tudo isso esteja me levando a criar lacunas dentro de mim, e eu não sei como preenchê-las.
Tudo o que eu estou precisando é de algumas certezas e algumas reafirmações. Sancionar dúvidas e reconfirmar idéias, basicamente. É uma pena que essa seja a parte dolorosa.